Na manhã desta quinta-feira (08), os alunos do 3º ano do Educandário Jesus Menino protagonizaram uma atividade educativa marcante na Câmara Municipal de Currais Novos. Trata-se de um júri simulado, encenado com excelência pelos estudantes, que abordou um caso fictício, porém extremamente atual e relevante: a morte de um jovem de 17 anos após o uso de um suplemento alimentar vendido ilegalmente pela internet.

O trabalho, resultado de semanas de preparação, envolveu diversas áreas do conhecimento, como Língua Portuguesa, Biologia, Química, Direito e Sociologia. O enredo girou em torno da história de Rafael Almeida dos Santos, um atleta amador que sofreu parada cardiorrespiratória após ingerir o suplemento “Power Max Cutting Ultra”, vendido como natural e seguro, mas que, segundo a perícia fictícia, continha substâncias proibidas como efedrina e esteroides anabolizantes sintéticos.

Durante o júri, os estudantes assumiram os papéis de acusação, defesa, testemunhas, peritos, juiz e jurados, promovendo um debate acalorado sobre responsabilidade civil, negligência, propaganda enganosa e os riscos do consumo indiscriminado de substâncias sem orientação profissional.

O réu da simulação foi o suposto vendedor do suplemento, Felipe Vasconcelos Lima, um influencer fitness de 24 anos, acusado de comercializar irregularmente o produto para menores de idade. A acusação enfatizou a omissão de informações no rótulo, a ausência de registro na ANVISA e a falta de qualificação profissional do vendedor. Já a defesa argumentou que Rafael utilizou o produto por conta própria, sem prescrição, e destacou a ausência de
fiscalização eficaz pelos órgãos públicos.

A atuação dos alunos surpreendeu a todos os presentes, com destaque para o nível de argumentação, domínio do conteúdo técnico e postura ética diante de um tema tão sensível. Ao final da simulação, o réu foi considerado culpado pelo júri, que entendeu que houve negligência e responsabilidade direta na morte do jovem Rafael.

A iniciativa pedagógica foi elogiada por professores, pais, autoridades e pela comunidade presente no plenário. Segundo a coordenação pedagógica do Educandário Jesus Menino, o objetivo da atividade foi proporcionar aos alunos uma vivência prática sobre temas como consciência jurídica, saúde pública, ética e cidadania, além de desenvolver competências como oratória, argumentação e pensamento crítico.

“É fundamental que os estudantes do Ensino Médio se envolvam em experiências como essa, que conectam o conhecimento acadêmico à realidade. Além de aprenderem conteúdos, eles refletem sobre decisões que podem afetar vidas, como o uso de substâncias não regulamentadas”, destacou professora responsável pelo projeto, Nataly Arci.

O júri simulado também acendeu um alerta sobre o consumo de produtos comprados pela internet sem a devida fiscalização. A história fictícia trouxe elementos muito próximos da realidade, mostrando o impacto das redes sociais, da cultura do corpo ideal e da desinformação sobre saúde entre jovens.

A participação ativa dos alunos reforça o papel da escola como espaço de formação integral, onde se aprende muito além das disciplinas tradicionais. Em tempos de desafios sociais e riscos à saúde pública, iniciativas como essa contribuem para preparar cidadãos conscientes, críticos e mais preparados para os dilemas do mundo contemporâneo.

Fotos da apresentação, vídeos e depoimentos dos alunos e professores serão publicados nas redes sociais do Educandário Jesus Menino ao longo do dia.