Comando Vermelho decreta toque de recolher após operação no Rio com mais de 60 mortos

29 de outubro de 2025

Comando Vermelho decreta toque de recolher após operação no Rio com mais de 60 mortos

Após a Operação Contenção, que resultou em mais de 60 mortes e mais de cem prisões no Rio de Janeiro, o Comando Vermelho (CV) ordenou o fechamento de comércios, bloqueios de vias e toque de recolher nos complexos do Alemão e da Penha.

Lideranças do CV determinaram que mercados, lojas, oficinas, padarias e outros estabelecimentos nas comunidades sob seu controle mantenham suas portas fechadas e que ninguém saia de casa até segunda ordem. Moradores receberam mensagens com informações sobre o toque de recolher. Policiais também confirmaram a existência dessa determinação nos territórios dominados pela facção.

Além disso, a facção tenta desviar a atenção da polícia, autorizando roubos e saques nos locais durante o período. Moradores relatam que, mesmo em áreas altas como o pico do morro, são ouvidos muitos disparos, dificultando sair e trabalhar.

Há denúncias de que policiais entram em casas sem mandados judiciais, deixando moradores apreensivos entre o medo do crime organizado e das ações policiais. A situação nas comunidades reflete um cenário de conflito intenso, com barricadas, paredes atingidas por tiros e veículos incendiados. Moradores relatam desespero, como o de mães com crianças autistas em meio ao tiroteio.

Um líder comunitário atribui a escalada da violência à incapacidade do poder público em avaliar riscos, afirmando que a operação prioriza a neutralização a qualquer custo, inclusive sacrificando quem não tem ligação com o conflito.

A Polícia Civil informou que pelo menos 60 pessoas morreram na operação, incluindo quatro policiais, e nove ficaram feridas, entre moradores e agentes. Entre os mortos estão líderes da facção vindos de outros estados. O número de mortos superou o registrado na chacina do Jacarezinho em 2021.

A operação mobilizou cerca de 2.500 agentes, com mandados de busca e apreensão em vários pontos da capital fluminense. A ação contou com a participação do Ministério Público do Rio de Janeiro e buscou desarticular lideranças do CV.

Foram presas mais de cem pessoas, incluindo lideranças de outros estados, e apreendidos ao menos 42 fuzis, rádios comunicadores e mais de 200 kg de drogas. Durante a operação, criminosos reagiram com troca de tiros e até ataques com drones contra a polícia.

As buscas ocorreram nos complexos do Alemão e da Penha, utilizando helicópteros, veículos blindados, carros de destruição, drones e ambulâncias. Policiais de forças especiais e de diversas delegacias participaram da ação.

O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, informou que a operação foi a maior da história do estado, com milhares de policiais envolvidos e dois meses de preparação. Ele declarou também que o estado está atuando sozinho na guerra contra o crime organizado, apesar de críticas e considerando a necessidade de exceder competências para proteger a população.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública respondeu que atendeu a todas as solicitações do estado relacionadas ao envio e renovação da Força Nacional no Rio desde 2023, além de apoiar operações conjuntas e investimentos em segurança pública.

Durante a operação, 46 escolas nas regiões dos complexos do Alemão e da Penha foram fechadas, e seis unidades de atenção primária à saúde suspenderam atividades. Algumas unidades continuam abertas, porém sem atividades externas.

Vias expressas, como a Avenida Brasil, foram interditadas temporariamente, e mais de 100 linhas de ônibus tiveram itinerários alterados devido às ocorrências.

O Centro de Operações e Resiliência do Rio reforçou orientações para que motoristas evitem as áreas afetadas, permaneçam em locais seguros e acompanhem as informações pelos canais oficiais.

O contexto atual revela um ambiente de conflito intenso e retaliações entre o crime organizado e as forças policiais, trazendo grande impacto para moradores e a rotina da cidade.

Créditos: UOL

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