A Câmara Municipal de Currais Novos aprovou nesta terça-feira (9), por unanimidade, o projeto de lei que reconhece a Padaria Primor e o tradicional Pão-Recife como Patrimônio Histórico e Cultural de natureza material do município.

A iniciativa é de autoria do presidente da casa, João Gustavo Guimarães. Em sua fala, ele destacou os aspectos históricos que o motivaram a apresentar o projeto. “É a padaria mais antiga da nossa cidade, fundada quando ainda éramos uma vila, em 1919. E a criação do Pão-Recife, um marco, veio depois, em 1950”, disse.

Segundo a justificativa do projeto, a proposta visa manter viva a identidade cultural currais-novense, fortalecendo o sentimento de pertencimento e o reconhecimento das tradições locais. A fase de discussão contou com a participação de alguns parlamentares que destacaram a importância da iniciativa. “É importante valorizar as organizações do nosso município, algo que essa casa sempre se preocupa. Desta vez, o trabalho valoriza também esse patrimônio que é o pão-recife criado aqui nossa cidade”, afirma o vereador Cleyber Trajano.

Com a aprovação, o texto segue, agora, para sanção do Poder Executivo. Caso aprovado, o texto garante preservação da memória e valorização cultural desses símbolos, promovendo registros, ações educativas e atividades de divulgação junto à comunidade.

Memória
Fundada em 1919, a Padaria Primor nasceu da iniciativa de José Pinheiro Galvão, Alfredo Lopes Galvão e Francisco Leônidas, este último o primeiro padeiro do estabelecimento.

Com o tempo, a panificação local ganhou novo impulso quando Severino Mendes de Oliveira e Emanuel Ezequiel Galvão – popularmente conhecido como “Seu Manequinho” – adquiriram a padaria, ampliando a produção e consolidando a tradição.

Em 1950, sob a gerência de Vicente Pinheiro, a padaria contratou o padeiro João Soares, responsável pela criação do icônico Pão-Recife, receita original de Currais Novos/RN que se tornou símbolo gastronômico e cultural da cidade.

Posteriormente, a Padaria Primor passou às mãos de Lino Galvão, que diversificou a produção com novas massas, incluindo o famoso Macarrão Primor, sendo o empreendimento gerido por Macau. Entre 1977 e 2000, a administração permaneceu com os familiares de Lino, tendo ele falecido em 1985, deixando a padaria como herança para Wilton Pinheiro Galvão e Auta Diolinda Galvão.

Em 05 de abril de 2000, a padaria foi adquirida pelo casal Joel Galvão Júnior e Christianne Lopes de Mello Galvão, que mantêm até hoje a tradição e a qualidade dos produtos, preservando o legado iniciado há mais de um século.