Comando Vermelho decreta toque de recolher após operação no Rio com mais de 60 mortos

Após a Operação Contenção, que resultou em mais de 60 mortes e mais de cem prisões no Rio de Janeiro, o Comando Vermelho (CV) ordenou o fechamento de comércios, bloqueios de vias e toque de recolher nos complexos do Alemão e da Penha.
Lideranças do CV determinaram que mercados, lojas, oficinas, padarias e outros estabelecimentos nas comunidades sob seu controle mantenham suas portas fechadas e que ninguém saia de casa até segunda ordem. Moradores receberam mensagens com informações sobre o toque de recolher. Policiais também confirmaram a existência dessa determinação nos territórios dominados pela facção.
Além disso, a facção tenta desviar a atenção da polícia, autorizando roubos e saques nos locais durante o período. Moradores relatam que, mesmo em áreas altas como o pico do morro, são ouvidos muitos disparos, dificultando sair e trabalhar.
Há denúncias de que policiais entram em casas sem mandados judiciais, deixando moradores apreensivos entre o medo do crime organizado e das ações policiais. A situação nas comunidades reflete um cenário de conflito intenso, com barricadas, paredes atingidas por tiros e veículos incendiados. Moradores relatam desespero, como o de mães com crianças autistas em meio ao tiroteio.
Um líder comunitário atribui a escalada da violência à incapacidade do poder público em avaliar riscos, afirmando que a operação prioriza a neutralização a qualquer custo, inclusive sacrificando quem não tem ligação com o conflito.
A Polícia Civil informou que pelo menos 60 pessoas morreram na operação, incluindo quatro policiais, e nove ficaram feridas, entre moradores e agentes. Entre os mortos estão líderes da facção vindos de outros estados. O número de mortos superou o registrado na chacina do Jacarezinho em 2021.
A operação mobilizou cerca de 2.500 agentes, com mandados de busca e apreensão em vários pontos da capital fluminense. A ação contou com a participação do Ministério Público do Rio de Janeiro e buscou desarticular lideranças do CV.
Foram presas mais de cem pessoas, incluindo lideranças de outros estados, e apreendidos ao menos 42 fuzis, rádios comunicadores e mais de 200 kg de drogas. Durante a operação, criminosos reagiram com troca de tiros e até ataques com drones contra a polícia.
As buscas ocorreram nos complexos do Alemão e da Penha, utilizando helicópteros, veículos blindados, carros de destruição, drones e ambulâncias. Policiais de forças especiais e de diversas delegacias participaram da ação.
O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, informou que a operação foi a maior da história do estado, com milhares de policiais envolvidos e dois meses de preparação. Ele declarou também que o estado está atuando sozinho na guerra contra o crime organizado, apesar de críticas e considerando a necessidade de exceder competências para proteger a população.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública respondeu que atendeu a todas as solicitações do estado relacionadas ao envio e renovação da Força Nacional no Rio desde 2023, além de apoiar operações conjuntas e investimentos em segurança pública.
Durante a operação, 46 escolas nas regiões dos complexos do Alemão e da Penha foram fechadas, e seis unidades de atenção primária à saúde suspenderam atividades. Algumas unidades continuam abertas, porém sem atividades externas.
Vias expressas, como a Avenida Brasil, foram interditadas temporariamente, e mais de 100 linhas de ônibus tiveram itinerários alterados devido às ocorrências.
O Centro de Operações e Resiliência do Rio reforçou orientações para que motoristas evitem as áreas afetadas, permaneçam em locais seguros e acompanhem as informações pelos canais oficiais.
O contexto atual revela um ambiente de conflito intenso e retaliações entre o crime organizado e as forças policiais, trazendo grande impacto para moradores e a rotina da cidade.
Créditos: UOL