O governo alemão planeja emitir uma retratação pelos comentários feitos pelo chanceler Friedrich Merz sobre a cidade de Belém, que causaram reações negativas entre líderes locais e políticos brasileiros.

As declarações, consideradas infelizes e preconceituosas, foram feitas após a visita do chanceler à cidade sede da COP30, ocorrida há duas semanas durante a Cúpula de Líderes. O episódio gerou desconforto no governo do Pará, no Palácio do Planalto e no meio diplomático europeu em Brasília.

Fontes diplomáticas informam que o mal-estar provocado por Merz levou o governo alemão a optar pela retratação, cuja divulgação deve acontecer em breve.

Em um discurso no Congresso Alemão do Comércio, Friedrich Merz ressaltou as qualidades do próprio país e disse que nenhum dos jornalistas que o acompanharam em Belém desejava permanecer na cidade, preferindo retornar para a Alemanha, conforme noticiado pela Deutsche Welle (DW).

Segundo Merz: “Senhoras e senhores, nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos.”

O governo brasileiro, liderado por Lula, optou por não comentar as declarações para evitar um desgaste nas relações bilaterais, especialmente enquanto aguarda uma promessa de investimento robusta da Alemanha para o Fundo de Florestas (TFFF), estratégia central para a COP30.

Uma fonte oficial declarou: “O que esperamos da Alemanha agora são investimentos no TFFF. O resto não vale a pena responder, foi lamentável.”

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), criticou duramente o comentário nas redes sociais, classificando-o como “discurso preconceituoso” e salientando que o Pará é um povo acolhedor. Ele ainda destacou que o país que fez o planeta aquecer não deveria estranhar o calor da Amazônia.

O prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), também se disse contrariado com a fala do chanceler e a definiu como preconceituosa, infeliz e arrogante. Normando afirmou em vídeo publicado nas redes sociais que, enquanto Merz demonstra arrogância, os paraenses oferecem hospitalidade, calor humano e amor.

Na esfera política, nomes da esquerda também se manifestaram. A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) chamou as declarações de “vergonhosas”, e o deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL-SP) criticou Merz por sua infelicidade nas palavras.

O senador Randolfe Rodrigues (PT-AM), líder do governo no Congresso, rebateu o chanceler afirmando que o Brasil é o país mais bonito do mundo desde sua origem, sem precisar destruir ecossistemas alheios para parecer grandioso.

Rodrigues ainda enfatizou que Alemanha e Europa foram as maiores responsáveis pelas emissões de CO² e lembrou que o aumento da temperatura da Amazônia está relacionado a esses danos.

O episódio gerou ampla repercussão com críticas diversas à declaração do representante alemão, que deverá ser seguida da devida retratação oficial.

Créditos: O Globo