Lula confia em acordo com Trump e diz não haver veto sobre temas da reunião

Em visita à Indonésia nesta sexta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou confiança no resultado da reunião com o líder norte-americano Donald Trump. Lula afirmou que “não existe veto” sobre os temas a serem discutidos entre eles, inclusive a punição aplicada aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo ele, o acordo será benéfico para ambos os países.
“Essa reunião está sendo esperada há algum tempo. Tenho total interesse em mostrar que houve um equívoco nas taxações. Houve um certo entrave, mas após o telefonema do Trump, acredito que estamos caminhando para comprovar que não há divergência que não possa ser resolvida quando duas pessoas de boa vontade se sentam à mesa”, declarou.
Lula e Trump podem se encontrar presencialmente na Ásia no domingo (26), o que marcará o primeiro encontro oficial entre eles. Em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, os dois tiveram um breve encontro casual.
Em abril deste ano, Trump anunciou uma taxação de 10% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA, que foi acrescida para 50% em agosto. Lula criticou essa medida, qualificando a taxação como “equivocada” e ressaltou a intenção de apresentar números que comprovem o superávit comercial para os americanos.
Questionado sobre os assuntos que podem ser abordados na reunião, Lula afirmou que não há proibições e que está aberto a discutir qualquer tema, incluindo a guerra na Ucrânia e as diferenças com a Venezuela.
“Não devemos ser excessivamente formais. É necessário dizer o que se quer, o que deve ser feito, e agir. Participarei da reunião com a expectativa de sucesso sobre os interesses brasileiros. O Brasil quer levar a verdade à mesa: os EUA não têm déficit, portanto não há justificativa para a taxação ou para a punição dos nossos ministros, que não cometeram erro algum. A política tributária depende do Brasil, do Congresso Nacional”, afirmou.
Após um período de tensão região impulsionado pelo aumento das tarifas americanas, o encontro oficial entre Lula e Trump sinaliza uma aproximação entre os dois países. Na semana anterior, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, reafirmaram a importância desse encontro em reunião realizada em Washington no dia 16 de outubro.
A tensão começou com o anúncio inicial das tarifas, que excluíam o Brasil, mas em abril foram modificadas para aplicar imposto de 10% e depois aumentado para 50%. O governo brasileiro realizou diversas tentativas de negociar, sem sucesso. Uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, chegou a ser marcada, porém foi cancelada por decisão do lado americano.
Em setembro, durante a Cúpula da ONU, Lula e Trump tiveram um breve contato que abriu espaço para essa possível reunião presencial. Trump comentou ter sentido uma “excelente química” com Lula e manifestou interesse em um encontro direto.
Créditos: R7