Na noite de segunda-feira (17), o presidente Lula recebeu para uma reunião no Palácio do Planalto o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Durante o encontro, Lula comunicou a Pacheco que ele não será indicado para a vaga do Supremo Tribunal Federal (STF) deixada por Luís Roberto Barroso, que se aposentou em agosto.

O presidente já teria escolhido o advogado-geral da União, Jorge Messias, para ocupar a cadeira no STF. Segundo interlocutores que acompanharam a conversa, Lula destacou que precisava de Pacheco como candidato ao governo de Minas Gerais em 2026.

Lula teria argumentado que o cargo de governador é muito mais relevante do que o de ministro do STF e que, por sua experiência na política, Pacheco estaria em condições favoráveis para vencer uma campanha ao governo do estado.

Ainda conforme relatos, o presidente afirmou que tanto o Brasil quanto Minas Gerais merecem uma autoridade da estatura de Pacheco à frente do governo mineiro.

A notícia sobre a decisão presidencial chegou ao Parlamento e desagradou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que gostaria que Lula anunciasse Pacheco para a vaga no Supremo.

Lula está ciente das preferências da maioria dos senadores, responsáveis por aprovar a indicação para o STF. Ele tem afirmado a interlocutores que a prerrogativa da indicação é exclusiva da Presidência da República e que não abrirá mão desse direito.

O processo de aprovação cabe ao Senado, que possui liberdade para aceitar ou rejeitar o nome indicado. Contudo, a rejeição é rara e pode causar uma crise institucional. Em 134 anos, o Senado rejeitou apenas cinco indicações para o STF, todas feitas durante o governo de Floriano Peixoto (1891-1894).

Apenas cinco ministros do total de 172 já indicados pelo Executivo foram recusados, reforçando a tradição de aprovação parlamentar dos nomes escolhidos pela presidência da República.

Reportagem por Diego Alejandro, Karina Matias e Victória Còcolo.

Créditos: Folha de S.Paulo