PF prende desembargador Macário Júdice e investiga Rodrigo Bacellar por vazamento sigiloso

A Polícia Federal iniciou na manhã de terça-feira (16/12), no Rio de Janeiro, a Operação Unha e Carne 2, que investiga o vazamento de informações sigilosas em benefício do Comando Vermelho. Entre os alvos está o desembargador Macário Ramos Júdice Neto, preso pela Polícia Federal, que apresentou o caso do ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
O deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar (União Brasil), ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), também foi alvo de buscas nesta terça-feira. Bacellar havia sido preso na primeira fase da operação Unha e Carne, porém foi solto pelo plenário da Alerj, permanecendo com tornozeleira eletrônica.
De acordo com a Polícia Federal, Júdice Neto teria vazado dados sobre a operação contra TH Joias em setembro, conforme mensagens encontradas no celular de Bacellar, apreendido na ocasião da prisão.
A investigação Unha e Carne apura a participação de agentes públicos no vazamento de informações que prejudicaram outra apuração relacionada à Operação Zargun, realizada em setembro. Para isso, foram cumpridos pela PF um mandado de prisão e 10 de busca e apreensão decretados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram feitas buscas no Espírito Santo.
TH Joias está preso por ligação com o grupo criminoso Comando Vermelho.
Após ter ficado afastado por 17 anos, em função de sua atuação como juiz federal no Espírito Santo, Macário Ramos Júdice Neto retornou à magistratura em 2023, sendo promovido a desembargador. Seu afastamento ocorreu em 2005, determinado pelo TRF-2, após denúncias do Ministério Público Federal envolvendo suposta participação em esquema de venda de sentenças. Atualmente ele está preso na sede da PF do Rio de Janeiro.
Flávia Júdice, esposa de Macário Júdice Neto, atuava na diretoria-geral da Alerj até o início do mês passado, período que coincide com o andamento das investigações relacionadas ao ex-deputado estadual.
A operação faz parte da decisão do STF no julgamento da ADPF nº 635/RJ, que determinou a Polícia Federal a investigar a atuação dos principais grupos criminosos violentos no estado do Rio de Janeiro e suas conexões com agentes públicos.
As apurações que levaram à prisão de TH Joias indicam que ele usava seu cargo na Alerj para favorecer ações da facção Comando Vermelho. TH facilitava a compra e venda de drogas, além de fuzis e armas antidrones, que seriam destinadas ao Complexo do Alemão.
Na época, a ação da Polícia Federal, em parceria com o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Polícia Civil, por meio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco-RJ), resultou em 18 mandados de prisão e 22 de busca, além do sequestro de R$ 40 milhões em bens.
Créditos: Metropoles