O Açude Gargalheiras segue ganhando recarga e se aproximando de sua cota máxima. O manancial está faltando 7 centímetros para transbordar. A atualização foi feita após medição às 16h desta quarta-feira (3).
Os dois maiores açudes localizados na zona urbana de Currais Novos, o “Dourado” e o “Currais Novos” (também conhecido como Açude do Governo), passaram por vistorias técnicas de órgãos estaduais, federais e municipais na manhã desta quarta-feira (03) com o intuito de constatarem a segurança dos mananciais.
Representantes do IGARN (Instituto de Gestão das Águas do RN), SEMARH (Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) e a Defesa Civil Municipal, estiveram nos dois açudes para analisarem as estruturas e verificarem a segurança, além de também realizarem planos de ações para possíveis transtornos causados por alagamentos caso o nível destes reservatórios aumentem nos próximos dias e causem problemas em comunidades no entorno dos Rios São Bento e Totoró.
O Prefeito Odon Jr ressaltou a importância da vistoria para a segurança dos reservatórios assim como para a população. “A Prefeitura solicitou que estes órgãos viessem realizar as vistorias nos maiores açudes da zona urbana de Currais Novos. Ontem nos reunimos com as forças de segurança e secretarias municipais para elaborarmos um plano de ação em casos de excessos de chuvas, garantindo assim mais segurança para a população”, comentou o Prefeito.
Está cada vez mais próximo do gigante Gargalheiras transbordar. Segundo medição desta manhã, o manancial estava faltando 17 centímetros para transbordar.
A informação foi confirmada pela Caern e corresponde ao visto nas réguas do manancial. Segundo o verificado, a água estava na cota 60 da régua 298. Quando ela atingir a cota 77 da mesma régua, o açude terá atingido seu volume máximo e inicia a sangria.
A expectativa é gigantesca pelo evento, que não ocorre desde 2011, e o movimento no local não parou nem durante a madrugada.
Uma multidão foi até ao Açude Gargalheiras, em Acari, na noite desta terça-feira (2) para aguardar a sua sangria. O local foi visitado desde o início do dia e recebeu incremento, sobretudo, desde a chegada da noite.
No local, barracas comercializam bebidas e comidas para os presentes. Artistas trouxeram instrumentos e é claro que eu alguns grupos estão confraternizando ao lado de caixas de som.
O Gargalheiras aguarda a sangria, que não é registrada há 13 anos. Segundo a mais recente medição, o manancial faltava 26 centímetros para transbordar.
Medição realizada às 15h desta terça-feira (2) dá conta de novo avanço no nível das águas do Açude Marechal Dutra, o Gargalheiras, em Acari. De acordo com a verificação, o manancial está com pouco mais de 93% de sua capacidade máxima, faltando 36 centímetros para transbordar.
O avanço foi de sete centímetros em relação à última medição, realizada às 12h.
A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) divulgou dados oficiais do Açude Gargalheiras nesta terça-feira (2). Com grande expectativa pela sangria, que não ocorre há 13 anos, o dado divulgado consolida o que foi acompanhado de maneira extraoficial ao longo de toda a segunda-feira.
Segundo medição feita às 6h, o manancial está com 89% de sua capacidade, faltando 60 centímetros para transbordar. São 39,6 milhões de metros cúbicos, pouco mais de 6 milhões de metros cúbicos a mais do que o registrado na mesma medição no dia anterior.
Uma medição feita às 22h16 por Andinho de Bulhões, figura marcante do Povoado Gargalheiras, em Acari, mostra que o manancial falta 61 cm para sangrar.
O manancial não transborda desde 2011 e a sangria é aguardada por centenas de pessoa que estão as margens do reservatório desde as primeiras horas do dia.
Ligação evitou o pior, mas muitos ainda foram afetados por tragédia
Um açude estava próximo a romper e botar em risco famílias que moravam no entorno. Uma telefonista, com uma das raras linhas em cidades interioranas na década de 1980, então, corre para ligar e avisar a um município vizinho sobre o problema, mas tem a informação descredenciada, vista como piada. O motivo: era 1º de abril, Dia da Mentira.
O caso aconteceu em 1981 e envolveu as cidades de Campo Redondo e Santa Cruz. A telefonista Maria de Fátima da Silva precisou insistir para as autoridades entenderem que o aviso não se tratava de uma brincadeira e conseguiu evitar uma tragédia ainda maior, já que mais de 1 mil casas na região foram destruídas e mais de 3 mil pessoas ficaram desabrigadas.
O ato dela foi considerado heroico, já que aquela situação é vista até os dias atuais como a maior enxurrada já registrada na região.
Maria de Fátima era telefonista e evitou tragédia ainda maior — Foto: Divulgação
Saiba detalhes
Maria de Fátima trabalhava em uma empresa de telefonia e operava a, praticamente, única linha que existia na cidade de Campo Redondo.
Ela foi avisada por pescadores sobre o iminente rompimento do açude Mãe D’Água após fortes chuvas e ligou para a cidade vizinha, Santa Cruz, já que a água desembocaria no Rio Trairi – o açude Santa Cruz também seria afetado. Mas ninguém acreditou, achando ser um trote do Dia da Mentira.
Ao invés de desistir, ela persistiu no contato mesmo após ter o telefone ser desligado. E foi aí que alguém lhe deu crédito e decidiu passar o telefone para o Monsenhor Raimundo Barbosa, pároco da cidade na época.
“Falei com o Monsenhor Raimundo, mas ele não queria acreditar não. E eu disse: ‘pode acreditar, que é verdade’. Ele me disse que era 1º de abril, mas eu disse: ‘é verdade mesmo'”, contou Maria de Fátima, em entrevista ao portal G1 no ano de 2022.
“Eu insisti, mas eles não queriam acreditar não, porque era 1º de abril. Eles acabaram acreditando, e aí saíram avisando na rua num carro de som”, completou.
Heroína
A insistência de Maria de Fátima foi reconhecida como um ato heroico que salvou a vida de milhares de moradores de Santa Cruz.
Durante as inundações, outros problemas ainda dificultaram a comunicação, como a a energia na cidade, que caiu.
“Com essas chuvas, faltou energia aqui em Campo Redondo e ficaram gerando energia do posto da Telern (empresa operadora de telefonias no RN naquela época) com a bateria de um carro. Fizeram uma gambiarra pra ela continuar avisando”, contou o professor Daniel Medeiros, de 45 anos, que é morador do município até os dias atuais.
A telefonista chegou a ser homenageada na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte quando a história completou 30 anos.
Com mais de 80% de sua capacidade total, o Açude Gargalheiras vive a expectativa de registrar a 30ª sangria do manancial desde que foi construído, em 1958. A última delas foi em 2011, com treze anos de hiato sem que o principal reservatório acariense transbordasse desde então.
Uma pesquisa do acariense Nelder Medeiros, tornada pública pelo colega Jean Souza, no ano de 2016, mostra o apanhado geral das sangrias do manancial. Confira!
Confira retrospecto de sangrias do Açude Gargalheiras
1959 não houve 1960primeira dia 23/03 1961segunda dia 23/01 1962 não houve 1963terceira 26/01 1964quarta 12/02 1965quinta 01/04 1966sexta 13/04 1967sétima 14/03 1968oitava 12/03 1969nona 06/04 1970 não houve 1971 não houve 1972décima 18/04 1973 décima primeira 14/04 1974 décima segunda 29/04 1975 décima terceira 05/03 1976 décima quarta 06/03 1977 décima quinta 24/04 1978 décima sexta 18/03 1979 não houve 1980 não houve 1981décima sétima 26/03 1982 não houve 1983 não houve 1984 não houve 1985décima oitava 20/02 1986décima nona 13/02 1987vigésima 28/03 1988 não houve 1989vigésima primeira 27/04 1990 não houve 1991 não houve 1992vigésima segunda 02/02 1993 não houve 1994 não houve 1995vigésima terceira 29/05 1996 vigésima quarta 26/04 1997 vigésima quinta 28/04 De 1998 à 2003 não houve 2004 vigésima sexta 16/02 De 2005 à 2007 não houve 2008vigésima sétima 31/03 2009 vigésima oitava 11/04 2011 vigésima nona 19/05 2012 até os dias atuais não houve
Curiosidades
Maior sangria contínua foi entre fevereiro e junho de 1964 Maior lâmina de sangria de 23/05/1985 com. 2,80 (dois metros e oitenta) Serviços da obra 29/10/58 Inauguração oficial 27/04/58.