Climatologista relaciona desmatamento e tornados mais fortes no Paraná

O tornado que atingiu Rio Bonito do Iguaçu, no centro-sul do Paraná, na noite de sexta-feira (7), é decorrente de fenômenos climáticos que têm se tornado mais frequentes e intensos no estado, conforme explica o climatologista Francisco Assis Mendonça, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Segundo o pesquisador, a progressão do desmatamento e o aquecimento das águas oceânicas eliminam barreiras naturais contra ventos fortes, deixando as cidades mais suscetíveis a ciclones e tornados.
O Paraná é especialmente vulnerável devido à perda quase total de sua cobertura original de floresta. Em 1890, o estado era coberto por mata atlântica, araucária e campos gerais, mas atualmente resta menos de 5% dessa vegetação natural. Na região de Rio Bonito do Iguaçu, aproximadamente 60% da mata foi retirada.
Mendonça destaca que o desmatamento potencializa a força destrutiva dos ventos. Embora eventos como o tornado recente já tenham ocorrido em outras épocas, eles estão se tornando mais comuns e intensos com o aquecimento global.
O principal gatilho para a formação desses fenômenos é o encontro entre ar quente e frio.
Para diminuir os impactos, o climatologista defende medidas como o reflorestamento e o planejamento urbano focado na adaptação às mudanças climáticas.
Ele ressalta que a prevenção depende de ações integradas e de longo prazo, indicando que arquiteturas mais aerodinâmicas e sustentáveis são importantes, mas o essencial é o reflorestamento em escala regional. Sem essa perspectiva, as cidades não conseguirão enfrentar esses fenômenos.
Créditos: g1