Documentário sobre Caso Eloá revisita sequestro e feminicídio em Santo André

3 de dezembro de 2025

Documentário sobre Caso Eloá revisita sequestro e feminicídio em Santo André

Em outubro de 2008, quatro adolescentes ficaram mantidos em cárcere privado em um residencial popular na cidade de Santo André, São Paulo. O sequestro durou mais de 100 horas e foi marcado por uma série de ações controversas da polícia e da mídia.

Uma das vítimas, Eloá Cristina Pereira Pimentel, acabou sendo morta pelo agressor, seu namorado Lindemberg Fernandes Alves, de 22 anos, que foi preso em flagrante. Eloá tinha 15 anos na época do crime.

O documentário “Caso Eloá: Refém ao Vivo”, lançado na Netflix, rememora o caso 17 anos depois, focando no feminicídio e apresentando trechos do diário pessoal de Eloá, além de trazer o ponto de vista da família da jovem.

Dirigido por Cris Ghattas, o filme reconstrói a cronologia do crime com base em extensa documentação da imprensa daquela época. As primeiras equipes de TV chegaram ao local poucas horas após o início do sequestro e permaneceram no residencial durante mais de cinco dias, período em que os quatro adolescentes foram mantidos reféns sob a mira do revólver de Lindemberg.

O documentário aponta graves críticas ao comportamento da imprensa, que, na busca por exclusividade e audiência, interferiu nas negociações com o sequestrador através de ligações telefônicas. Especialistas em segurança pública qualificaram essas ações das emissoras como “irresponsáveis e criminosas”. Por outro lado, um dos jornalistas que entrevistou Lindemberg afirma no filme que não se arrepende e que qualquer repórter teria agido da mesma forma.

A atuação da polícia paulista, especialmente do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), também é analisada criticamente em dois momentos. O primeiro é a permissão dada para que Nayara Rodrigues, amiga de Eloá e liberada pelo sequestrador, retornasse ao apartamento. Essa decisão foi apontada como equivocada e o GATE ficou marcado por aumentar o número de reféns.

O segundo ponto crítico foi a invasão do apartamento para neutralizar Lindemberg. Apesar de atiradores de elite terem tido diversas oportunidades para disparar contra o criminoso, eles não receberam autorização. A polícia afirma que houve um disparo dentro do imóvel que justificou a explosão na porta para entrada dos agentes, declaração contestada pela defesa do sequestrador.

Além dos erros na condução do caso, o documentário resgata a figura de Eloá, não apenas como refém, mas como uma adolescente comum, cheia de sonhos e planos. Depoimentos de familiares, amigos e especialistas formam uma narrativa que devolve a voz à vítima. Trechos do diário de Eloá são lidos com sensibilidade, mostrando-a como uma jovem que não deveria ter sido transformada em espetáculo pela mídia.

Créditos: Gazeta do Povo

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