Preço do café deve cair em 2026, mas sem chegar a ser barato

23 de dezembro de 2025

Preço do café deve cair em 2026, mas sem chegar a ser barato

O preço do café pode continuar em queda ao longo de 2026, entretanto, não deve se tornar barato. Embora o clima favoreça a safra, os anos anteriores apresentaram colheitas prejudicadas pelo calor e pela seca.

Essas condições impediram que os cafezais se recuperassem suficientemente para suprir toda a demanda existente. Assim, a redução nos preços deverá ser modesta, algo que já tem se observado. Em agosto, por exemplo, o café teve uma queda de 0,23% — a primeira baixa desde dezembro de 2023.

Em 2025, o preço do café iniciou o ano em níveis elevados. Em fevereiro, registrou a maior inflação acumulada em 12 meses desde a adoção do real como moeda. Esse aumento chegou a incentivar a venda de café falsificado, elaborado com resíduos agrícolas.

Para 2026, a expectativa é de diminuição nos valores, mas sem resultar em um preço baixo. O pesquisador Renato Garcia Ribeiro, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), destaca que as más colheitas recentes provocadas pelo clima ainda não permitiram que os cafezais suprissem toda a demanda.

Dessa forma, a baixa nos preços deve continuar sendo pequena, como já tem ocorrido. Segundo Cesar Castro Alves, gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, as perspectivas climáticas para o final de dezembro e início de 2026 são animadoras, com previsão de chuvas em um momento essencial da produção, a fase de florada das lavouras.

Se o volume de chuva for adequado no primeiro trimestre, a produção brasileira de café arábica pode aumentar e auxiliar na recomposição dos estoques globais. Entretanto, até essa melhora, a oferta continuará restrita.

O café arábica, mais cultivado no Brasil, aguenta temperaturas entre 18°C e 22°C e é mais apreciado por seu sabor. No entanto, desafios de 2025, como geadas e atraso das chuvas no Cerrado Mineiro, afetaram a produção, conforme Ribeiro.

Além disso, o cultivo do café é bienal, ou seja, após um ano de colheita, o seguinte tende a ser menor, pois as plantas necessitam de recuperação. Em 2026, muitos galhos estarão ainda em desenvolvimento e só ficarão prontos no verão.

A demanda pelo café tem crescido, ao mesmo tempo em que os estoques permanecem baixos no país, segundo Alves. O Itaú BBA projeta para a safra 2026/2027 uma produção mundial que excederá o consumo em 7 milhões de sacas. Porém, até lá, a disponibilidade de café arábica seguirá limitada e as exportações restritas.

Isso ocorre porque a colheita inicia em abril e o café chega ao mercado somente a partir de setembro, mantendo os estoques pressionados. A demanda interna e o aumento das importações dos Estados Unidos, após a suspensão da tarifa de 50% sobre o café brasileiro imposta anteriormente, influenciam essa situação.

A safra de 2025 já está toda negociada, sem espaço para novos compradores, afirma Ribeiro.

Diante da seca e do calor, produtores investem mais no café robusta, que, apesar de menos popular, possui maior resistência. Esses investimentos já trazem algum alívio nas margens dos produtores, mas o impacto para os consumidores ainda levará tempo, pois uma lavoura leva cerca de dois anos para produzir frutos.

No mercado, é comum o uso crescente do robusta em blends, que misturam as duas variedades. Isso tem contribuído para aliviar parcialmente os preços ao consumidor, comenta o economista do Itaú BBA.

Ele acrescenta que o robusta ajuda a atravessar o período de baixa oferta de arábica e que, possivelmente, a próxima safra do arábica será melhor.

Créditos: G1

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